domingo, 26 de abril de 2015

25 de Abril

25 de Abril de 1974
Foto do google -identificada.

Foi uma revolução há muito tempo. Tempo demais. Precisamos de uma nova revolução.
Os micróbios apoderaram-se do bolo e teimam em comê-lo todo.
Nunca estão satisfeitos. A cada dia querem mais, muito mais. Criaram impostos sobre outros impostos e roubam o pão do povo.
Depois aparecem dentro das nossas casas bem falantes, bem parecidos e convencidos que são os eleitos, os escolhidos pelo voto popular. 

A TV dá-lhes carta branca e a imprensa fica em meias palavras e muito medo...
E gritam bem alto:
- Nós fomos eleitos! Não gostam emigrem...O que vier a seguir será ainda pior...
Esquecem-se das suas promessas.  Dão o dito pelo não dito. Atacam o pobre e o rico.

O quadro agora completa-se com alianças. Jogos de compadrio. 
Uns são poucos mas com outros poucos conseguem uma maioria. Finalmente aprovam toda a espécie de leis que os protegem. 
Dobram o poder judicial e subjugam o povo.
Dobram-se ainda aos interesses do capital e aos interesses estrangeiros.

Outros que se seguem e que tudo prometem nada mais farão que continuar esta contra-dança:
- Ora viras tu, ora viro eu...
No meio de tudo isto cresce a fome nas praças e ruas e os campos estão desertos de searas e pão.
Cresce a ganância de lugares políticos onde a impunidade e futilidade lhes dão protecção.
Sobra-nos um povo triste, pacato e empobrecido com estes desmandos à saúde, à educação e ao bem estar social.

A Igreja abotoou-se num silêncio comprometido. 
Chegou o tempo de falar e dizer que acabou o tempo da mentira, do roubo, da impunidade política que nos conduziu até aqui.
Só assim será Abril .
Só assim os cravos renascerão em cada boca e em cada olhar com sabor de Prosperidade, Fraternidade e Liberdade.
luiscoelho
Abril 2015,26

18 comentários:

  1. Hoje não há meios para se fazer uma revolução como aquela amigo. Desde logo porque não temos militares formados como outrora com um código de honra a toda a prova e treinados na guerra. Hoje os militares são na grande maioria mercenários que nunca passaram por uma formação capaz, e que só por lá andam enquanto não encontram outra coisa. Depois o povo hoje acomodou-se.
    Refila, faz manifestações ( muitos deles não por convicção, mas para conviverem, já que a solidão campeia pelo país), mas na hora em que tem o destino do País nas mãos, a hora de ir às urnas e dizer basta, o que faz? Vai para a praia, para o futebol, ao cinema, namorar, ou simplesmente fica no sofá entretido com a TV. E nós, os que vivemos antes do 25 de Abril, que vemos o aqueles tempos como um precipício perigoso, para o qual vamos escorregando, estamos demasiado cansados e velhos para uma revolução.
    Um abraço e um bom Domingo

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  2. ჱ‿
    Essa triste história se repete em quase todo lugar.

    Bom domingo! Boa semana,
    com tudo de bom!!!
    Beijinhos.
    ჱ╮
    ه°ჱ~

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  3. Acabar com as mentiras é sempre preciso, aqui, lá e acolá!! Uma data a ser lembrada! abraços, lindo domingo!" chica

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  4. Caso não se soubesse que esta crônica se refere a Portugal. dir - se - ia que trata-se do Brasil...
    ...As "sutis" diferenças, são as datas e o continente! É preciso protestar, ir às ruas...gritar!
    Bom domingo, Coelho, mesmo com indignação...

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  5. A Igreja não se abotoou em silêncio nenhum, amigo Luís. À Igreja convém que estes fascistinhas estejam lá como lhe conveio no tempo do ditador. Quanto mais ajoelhado estiver o povo, mais reza... ...

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  6. Mais não seja para podermos abertamente fazer estas críticas, o que nos vai na alma, valeu a pena.
    Aquele abraço, boa semana

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  7. A revolução só poderá fazer-se em cada um de nós. Tudo o que se tem visto são intenções que passam invariavelmente pelo tão português "quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é tolo ou não tem arte".

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  8. O pior é que, amigo Luis, o bolo parece não chegar para todos, tal é a sofreguidão e insatisfação. Para cúmulo "as tais alianças" servem até para nos levar os dedos. A igreja faz "vista grossa" como nos tempos do "outro senhor". O voto ponderado deve ser a "arma" do povo.
    Um abraço e uma boa semana, para ti.
    Jorge

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  9. Meu amigo subscrevo e concordo com tudo que escreveu.
    Já é tempo de fazermos algo com a liberdade que Abril nos concedeu.

    beijinho

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  10. A situação aqui não anda muito diferente, amigo. Belíssimo texto

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  11. Deve ser sinal dos tempos, pois por aqui as coisas não diferentes.

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  12. Essas palavras deveriam ecoar no Brasil, onde as mazelas provocadas estão num estado cancerígeno.

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  13. ~~
    ~ ~ ~ Subscrevo o comentário do Pedro...

    ~ ~ ~ É preciso dissociar a heroicidade dos capitães de Abril e a exemplar
    revolução - sem sangue que possibilitou a conquista de direitos fundamentais
    de cidadania - do descalabro de governos incompetentes e da ignominiosa
    abstenção nas urnas. Estas são outras histórias...

    ~~~~~~~~Abraço amigo-----------------------------------------
    ~ ~ ~

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  14. .

    Eu vim trazer um novo abraço
    para o meu amigo de todos os
    dias.


    .

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  15. Olá Luís,

    Uma manifestação de indignação e insurgimento bem inflamada.
    Tive a impressão de estar lendo sobre a situação atual do Brasil. Tudo igual, infelizmente.
    Em meu tempo de vida é a primeira vez que vivencio uma situação tão desoladora, tanto aqui, quanto no mundo.
    É certo que elegemos mal, mas quem elege também pode mudar uma situação. Estará sempre nas mãos de um povo corajoso a sua libertação, respeito e dignidade. #Oremos!!

    Abraço.

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  16. Voltei a passar, como há já três anos, o filme de Maria de Medeiros.
    À saída uma aluna, das novas, disse-me, fez-me chorar, emocionante! Respondi-lhe que a mim também me fez chorar, mas desta vez por outro motivo. Por impotência, por não ter sido possível fazer realidade tão belo sonho.
    Abraços

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  17. Gosto de todo o texto, mas sublinho a frase "Os micróbios apoderaram-se do bolo e teimam em comê-lo todo."
    É uma frase absolutamente correcta, infelizmente. Seria bom dar cabo deles antes que nada reste do bolo, e então talvez seja necessário "cozinhar" outro bolo...

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  18. Entre um governo que faz o mal, e o povo que o consente, hà uma espécie de cumplicidade vergonhosa.
    Victor Hugo.
    Se consentir, é ser cúmplice, votar neles é o quê?
    A nação é de todos! A nação tem de ser igual para todos! Se a nação nao é igual para todos é porque o estado se tornou ... Todos devem saber o que dizia Aquilino Ribeiro In quando os lobos uivam.
    Um povo resignado, humilde, macambúzio sem a energia de um coice, um mostrar de dentes que nem força tem para sacudir as moscas com as orelhas. (Guerra Junqueiro In patria em 1896.

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